Banco Palmas / Brasil – www.bancopalmas.com.br

Melo notou que sua comunidade, o bairro Palmeiras (Ceará), estava finalmente sendo reurbanizado. A antiga favela dava lugar a ruas asfaltadas, comércio, cartas chegando às portas e redes de água e esgoto sendo instaladas. Mas, essa mesma população que tanto lutara para melhorar sua região estava indo embora pelas novas contas que chegavam em suas casas, ou seja, falta de dinheiro para custear a “nova vida” ali.

O que lhe pareceu contraditório funcionou como um motor para sua iniciativa: a idéia era criar mecanismos para manter o dinheiro no comércio local. Para ele, “não existe território pobre, o que existe é a perda de poupanças locais”. Então, nada mais justo que incentivar o comércio legal e estimular o dinheiro a não sair do próprio bairro. Melo criou, então, uma moeda própria, a “Palmas”, aceita hoje até mesmo pelo Banco Central.

O que faz o Banco Palmas

O Banco Palmas é uma prática de sócioeconomia solidária que acontece no Conjunto Palmeira, um bairro popular da periferia de Fortaleza (CE), no qual vivem hoje 32 mil moradores. Seu objetivo é implementar programas e projetos de trabalho e geração de renda utilizando sistemas econômicos solidários, com o intuito de superar a pobreza. O banco funciona junto à Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira (ASMONOCONP), que organiza as famílias do bairro desde 1981.

O que Joaquim Melo diz em Quem se Importa

“No Palmeiras tem um banner gigantesco que a gente coloca lá na sede que diz assim: ‘Deus criou o mundo, e nós construímos o Conjunto Palmeiras’. Nossa maior honra é dizer esse bairro fomos nós que construímos.”

“Qual é a tese central? Qual é a certeza do banco comunitário? Não existe território pobre, não existe bairro pobre, não existe município pobre. Existem territórios, bairros e municípios que se empobrecem porque perdem suas poupanças locais“.

“Qualquer território, qualquer bairro, qualquer localidade é portadora de desenvolvimento econômico.”

“Esse Banco Palmas, que hoje está em 32 cantos do Brasil e vai se multiplicar muito mais, não surgiu em Harvard, não surgiu na USP, não surgiu na FGV (nada contra todo esse povo, nada contra ninguém), mas surgiu numa favela nos grotões do Nordeste do Brasil”.

“A pobreza não é uma sentença. A pobreza não é uma dádiva de Deus, nem uma coisa que não tem jeito, basta que nós possamos aqui produzir, consumir, vender, comercializar uns para os outros. Se eu faço as pessoas acreditarem nisso, eu consigo o que eu quero.”